Na luta constante dos hotéis para baixar os custos de aquisição de reservas que nos chegam pelas OTAs, surge ao fundo do túnel uma pequena luz que leva a crer que o futuro traga a alternativa. Esta luz vem com o nome de Blockchain. Esperamos com as próximas linhas, elucidar um pouco sobre este tema e como a este novo tipo de distribuição pode colocar o hotel à venda sem que lhe seja cobrada uma comissão por terceiros.
Escusado será dizer o quanto diariamente somos empurrados para comissões cada vez mais altas, pois grande parte da nossa produção chega-nos via OTAs, e como todas tendem a puxar no mesmo sentido, nós hoteleiros, vemo-nos obrigados a ceder e a aceitar essas condições, de forma a não comprometer a receita do hotel. Se representarmos um hotel independente, pouco ou nenhuma será a nossa capacidade de negociação com estes gigantes, pelo que se pressupõem que serão estes mesmos hotéis os pioneiros a vender dentro do sistema de blockchain. O que é então a blockchain? Vamos desmontar o tema e ver como pode ser esta a solução para o fim da intermediação e seus avultados custos, suportados por clientes e fornecedores.
Não se trata somente de compreender e instalar. Este novo meio obriga a investimento em tecnologia e know-how para substituição total do atual meio de distribuição, e é aqui que muitos ficarão para trás. Sem as ferramentas corretas e recursos humanos aptos ao novo desafio, não é possível a troca.
Blockchain, nada mais que uma Cadeia de Blocos
Ao desmontar a blockchain nada mais é que uma cadeia de blocos. Tudo assenta numa rede, como uma teia, que une vários blocos. Blocos com informações - registos, sujeitos a constantes atualizações ao segundo e passíveis de serem copiados infinitamente mantendo essas mesmas atualizações, com a mais-valia que não podem ser apagados ou adulterados. Os registos mantém a confidencialidade de quem regista e qualquer elemento da blockchain tem acesso ao mesmo e a sua veracidade e segurança é inquestionável já que são encriptados. Não existe em nenhum momento, um elemento central ou intermediário, permitindo transações de A a B sem qualquer terceiro a regular que obrigue a comissão. Este é o sistema base das moedas virtuais, sem bancos que centralizam, intervêm e cobram pela sua presença.
Para que isto seja possível, toda a tecnologia da blockchain é descentralizada, ou seja, a informação não está armazenada num só local. Desta forma, consegue-se prevenir a manipulação e torna toda a informação transparente a todos os intervenientes da rede. Qualquer nova informação adicionada, é acompanhada de data e hora e isto permite que qualquer informação seja rastreada, fomentando a transparência da base de dados.
Onde aplicar Blockchain na indústria hoteleira e do turismo?
As vantagens são inegáveis. Sem terceiros, os custos de distribuição reduzem drasticamente. As transações são seguras e também sem terceiros, logo, sem comissões bancárias, e efetuadas ao segundo. Para isso, as unidades terão de aceitar moedas virtuais como meio de pagamento. Esta base de dados, nunca fica offline e é imune a qualquer ataque informático. Esta estabilidade trás segurança a todas as transações financeiras.
Esta metodologia pode permitir eficiência em todo o processo de viagem, não só na compra da mesma, do hotel, como agilizar identificação durante a viagem, rastreamento de bagagens, acesso a programas de fidelização, etc. É toda uma nova lógica assente numa rede com dados invioláveis, encriptados, com total segurança e confidencialidade de quem entra com os dados.
Veja o seguinte vídeo que demonstra toda esta dinâmica de uma forma muito prática:
Tudo parece impossível até que seja feito.[1]
Considerações finais
Tudo é novo e a novidade assusta. Assim também era a internet na última década do século passado, que embora desta forma pareça que foi há muito tempo, foi há pouco mais de 20 anos, e hoje, não há nada nem ninguém que viva e cresça à margem da internet. É com base nesta evidência que queremos levantar o véu e deixar bem à vista a oportunidade que nos surge. Numa primeira fase parece complicado. Acessível somente a informáticos e longe da realidade hoteleira. É um novo cenário, completamente disruptivo do atual. Mas as vantagens são tantas e tão grandes que não se pode ignorar. Importa saber como funciona, como se estabelece no meio económico e principalmente como se comporta. Mas, como em qualquer passo estratégico, teremos de conhecer onde estamos e saber bem para onde queremos ir e como. É neste "como" que colocamos enfase e acrescentamos o "se". Se este é realmente um caminho a seguir para a nossa empresa, para o nosso negócio.
Queremos com este artigo apresentar o sistema que em toda a sua teoria é genial e deveremos distanciá-lo do caso da Bitcoin e seu efeito de bolha. Também não queremos passar a ideia de que tudo o que é novidade e tecnológico é o caminho a seguir. Sugerimos informação, análise e sobretudo pensamento estratégico. Futuramente aprofundaremos o tema e esclareceremos questões que nos façam chegar.
Já existem várias empresas no setor que embarcaram na aventura, desde companhias aéreas a operadores. Explore o tema, recorra a literatura sobre o mesmo, familiarize-se com este. Muito em breve poderá chegar o momento do primeiro passo.
Nelson Mandela ↩︎